Siga-nos nas redes sociais:

Acessibilidade

AUMENTAR CONTRASTE

DIMINUIR CONTRASTE

'Inovação não é invenção de moda'

06/10/2020

O espartilho apertava a cintura e embaixo da saia do vestido havia, pelo menos, mais três camadas de tecidos que davam volume e peso. O cabelo partido ao meio, preso para trás, em um coque acima da nuca, deveria estar sempre arrumado. As mãos talvez estivessem cobertas por luvas e às vezes era necessário o uso de leques ou guarda-sóis. Assim eram os trajes padrões femininos no período vitoriano, de 1837 e 1901, na Inglaterra. Mulheres não podiam andar de bicicleta, fazer perguntas e jamais poderiam sorrir demais. Augusta Ada Byron, porém, achava aquela sociedade patriarcal muito conservadora e, além de beber e fumar, ações ultrajantes para a época, ela impressionava ainda mais pela curiosidade e inteligência.

O assunto aqui não é sobre costumes sociais ou no vestuário em determinada era. A frase que intitula o texto foi dita no Dia da Inovação Ada Lovelace realizado hoje, 06 de outubro, pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG). O evento teve o objetivo de incentivar a inovação e o crescimento tecnológico, científico e intelectual para melhoria de todos os campos de atuação do Tribunal.

A personagem central, Ada Lovelace, como ficou conhecida após o casamento com o Conde William Lord King, só viveu por 36 anos, porém deixou um legado para toda a eternidade. A inglesa foi a primeira pessoa a elaborar um algoritmo, em 1842, para ser processado pela máquina analítica do cientista Charles Babbage. Em miúdos, a condessa desenvolveu um esquema matemático que deu origem ao que conhecemos como programação de um computador. O reconhecimento só veio cerca de um século depois da morte dela, ocasionada em 1852, decorrente de um câncer de útero.

Desde 2009, o mundo celebra o Dia da Ada Lovelace, na primeira quinzena dos meses de outubro, como reconhecimento pelo serviço prestado pela primeira programadora da História e pela valorização das mulheres na área da tecnologia da informação.

Não haveria, então, momento mais oportuno para apresentar ao público o Programa de Inovação do TCEMG. Instituído pela Resolução n. 03/2020, o trabalho tem o objetivo de impulsionar a criatividade e estimular às pessoas a expressarem pensamentos, a proposta é criar um ambiente onde se pode sair da zona de conforto, discutir, buscar apoio e trazer novidades para o TCE mineiro.

A frente desse projeto, não poderia ser diferente, está uma mulher. Com direito a voto, capaz de expressar opinião, reconhecida pelo profissionalismo, com liberdade sobre o próprio corpo e, sem dúvida, com uma roupa muito mais confortável do que Ada, Bárbara Couto Cançado Santos é a coordenadora do Escritório de Processos e Projetos Estratégicos do TCE mineiro. Durante a participação no evento que aconteceu de forma virtual, pelo canal da TV TCE, Bárbara pontuou cada pilar que está sendo construído para criar um elo com a inovação.

Ciclos para execução do novo Programa

Na prática, o primeiro passo do Programa da Inovação é o Banco de ideias, que vai funcionar como uma incubadora onde todos podem expressar o que pensam e terão a oportunidade de contribuir. O espaço tem o intuito de fazer um processo democrático e horizontal, já que muitas pessoas têm excelentes ideias, mas não sabem como expô-las. A contribuição pode ser feita por servidores, funcionários terceirizados, gestores e até público externo.

O segundo ponto é um ambiente de experimentação, onde a pessoa que deu a ideia vai ter a oportunidade de refina-la com a ajuda da equipe da Diretoria de Gestão Estratégica e Inovação e de outros mentores. Podem acontecer vários Laboratórios de Inovação ao mesmo tempo, pois não ocupará um lugar físico específico. A partir do momento em que a equipe chegar a um produto mínimo viável (MVP), a ideia será considerada madura e cria-se uma proposta de projeto. Ainda nessa fase vão acontecer as reuniões de pitch, que são apresentações rápidas com a finalidade de encontrar patrocinadores que “comprem” um produto. Fugindo do cenário comercial, os defensores do projeto podem ser, segundo o art. 5º da Resolução n. 03/20, conselheiros, conselheiros substitutos, o procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, o diretor-geral, superintendentes e outros servidores.

É importante ressaltar que as ideias devem ser viáveis e sustentáveis. E isso quer dizer que elas devem estar alinhadas ao Plano Estratégico do TCEMG, ter recursos humanos e financeiros disponíveis e adequar-se aos critérios de priorização, como determinação legal, aprovação da presidência, alinhamento com a estratégia adotada, relação com outros projetos do Tribunal, análise do prazo de execução do projeto, entre outros.

A etapa seguinte é o Programa de Mentoria, realizada junta com a Escola de Contas e Capacitação Professor Pedro Aleixo, e busca ampliar o conhecimento do idealizador, por meio da orientação e troca de experiência com profissionais, tanto do TCEMG quanto de outras organizações, quem tem um trajetória profissional de destaque.

Continuando a jornada, o Programa também pretender promover eventos de incentivo, orientação e capacitação para que as pessoas se despertem para inovarem. Para valorização dos envolvidos, o TCE vai desenvolver Ações de Reconhecimento, como emitir certificado de participação em agradecimento às pessoas que conseguirem colocar uma ideia em execução dentro da instituição.

Outro ponto é a Oficina com os jurisdicionados, momento em que serão promovidas reuniões com eles, compreendidas como dispositivos colaborativo destinados a reunir informação e opinião desse grupo sobre determinado tema que vise a melhoria dos serviços. Bárbara lembrou a importância de “escutar o lado deles e entender o olhar de fora”.

A inovação está em todo lugar

O Dia da Inovação Ada Lovelace realizado pelo Tribunal teve como mediador o conselheiro Sebastião Helvecio, apreciador das novas tecnologias e médico de formação. Outra convidada foi a mestre em Saúde Pública, Saúde Internacional e Epidemiologia, Waleska Teixeira Caiaffa.

A professora afirmou se sentir inspirada pela inglesa precursora da Inteligência Artificial e símbolo das conquistas da mulheres, que gerou um impacto multifacetado e duradouro na ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Waleska é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma agência governamental que tem o objetivo o estímulo da pesquisa científica e tecnológica e o incentivo a formação de pesquisadores no Brasil. Ela apresentou os desafios da saúde pública no século XXI, com as mudanças demográficas, a globalização e as mudanças climáticas e explicou como funciona o Observatório de Saúde Urbana, mecanismo institucional para coleta e análise de dados de saúde relevantes, com capacidade de administrar a fim de gerar informações úteis para a formulação de políticas públicas. “O objetivo do Observatório é preencher a lacuna entre a ciência e a tomada de decisão”, afirmou a médica.

Segundo Caiaffa, as melhorias na medicina e no acompanhamento da saúde pública andam de braços dados com as inovações. Para entender melhor o trabalho desenvolvido pela equipe do Observatório, assista ao vídeo abaixo:



Em uma busca rápida na internet, podemos achar diversos conceitos sobre o que é Inovação. Todos estão ligados a tornar algo novo, usando de ideias, ferramentas ou serviços. A inovação não se limita às tecnologias, técnicas medicinais ou táticas de aprendizado. Toda pequena atitude pode ser uma revolução, seja em você mesmo ou para o mundo.

A resolução que instituiu o Programa de Inovação no TCEMG, pode ser acessada aqui.

Assista a íntegra do Dia da Inovação Ada Lovelace, realizado pelo Tribunal, abaixo:

 

Fred La Rocca | Coordenadoria de Jornalismo e Redação