Siga-nos nas redes sociais:

Acessibilidade

AUMENTAR CONTRASTE

DIMINUIR CONTRASTE

Participantes destacam valorização da diversidade por meio da arte no seminário 'Cultura, Controle e Direito'

07/07/2025

Trabalho vem sendo feito em todo o país para reconectar a sociedade, ouvindo pessoas e líderes para melhoria das políticas culturais - Foto: Daniele Fernandes/TCEMG
"Que a cultura, como essa marca fundamental, essa alma da realidade de cada povo, seja realmente efetivada. Que a gente realmente tenha, nos governantes municipais, a priorização das políticas culturais". Foi com essa mensagem que o presidente do Tribunal de Contas (TCEMG), conselheiro Durval Ângelo, encaminhou os trabalhos do seminário "Cultura, Controle e Direito: Troca de olhares, saberes e fazeres", aberto nesta segunda-feira (7/7), na sede do Tribunal, com presença de mais de 500 pessoas.
 
Até terça-feira (8/7), a programação vai mobilizar órgãos governamentais e representativos em torno do entendimento das leis de fomento e instrumentos para garantir a promoção cultural em todos os níveis. Os interessados que não conseguiram se inscrever presencialmente podem acompanhar a transmissão/registro, na íntegra, no canal do TCEMG no Youtube.

Mudança de realidade
 
Duas das participantes mais aguardadas estiveram presentes já neste primeiro dia de discussões: as ministras Margareth Menezes (Cultura) e Cármen Lúcia (Supremo Tribunal Federal/STF e Tribunal Superior Eleitoral/TSE).
 
Na oportunidade, Margareth Menezes destacou o trabalho que vem sendo feito pelo Ministério da Cultura (MinC) para enfrentar gargalos como a dificuldade dos fazedores e fazedoras de cultura para acessar recursos, além do processo para reconectar a sociedade, ouvindo pessoas e líderes para melhoria das políticas culturais.
 
"Sou uma pessoa transformada pela cultura. Como mulher negra, periférica, através da música, da arte e da cultura, pude transformar não só minha vida, mas também colaborar com a minha comunidade. Essa é a realidade de muitos fazedores e fazedoras, trabalhadores e trabalhadoras da cultura do nosso país", enfatizou a ministra, que disse ter alcançado uma compreensão maior da sociedade a partir da cultura e da arte.
 
Para ela, o trabalho está sendo feito para garantir a toda a população brasileira o direito de fazer cultura, acessar bens, produtos e serviços culturais, e participar da construção das políticas públicas culturais.
 
"A cultura é um direito. É tudo o que somos, o que fomos e quem seremos", pontuou. Garantir o acesso e as condições para o fazer cultural é, segundo a Margareth, "uma maneira de enfrentarmos a desigualdade, valorizando nossa diversidade e promovendo nossa democracia".
 
Direito à cultura
 
A ministra Cármen Lúcia trouxe ao debate o tema "O direito à cultura como direito fundamental: democratização e cidadania". Ovacionada e aplaudida de pé, ela reforçou que toda reconstrução da sociedade passa por uma cultura democrática.
 
"A alma de um povo canta na sua cultura", ressaltou. "A ideia, portanto, de uma cultura que queremos, democrática, é porque precisamos dar liberdade para que se tenha a diversidade e a garantia de que todas as pessoas podem ter sua produção cultural, artística, intelectual e científica", explicou. 
 
O direito à cultura, mencionou a ministra, como está posto na Constituição Brasileira, é justamente uma forma de defesa dessa criação cultural e sua capacidade de nos deixar sempre sensíveis à humanidade.
 
"Todos têm o direito de ter acesso a uma maravilha, que é o direito de ter direitos, acesso à cultura, de se produzir o que quiser, ser o poeta que quiser, ler o poeta que quiser", afirmou. E isso, destacou Cármen Lúcia, se faz pela ação e articulação de todos os envolvidos na gestão cultural.

Incentivo e fortalecimento 
 
Durval Ângelo pontuou, também, a necessidade de um olhar diferenciado para a política cultural, algo que vem sendo trabalhado no TCEMG. A ideia é que a atuação, sobretudo dos órgãos de controle, não fique estritamente concentrada na análise contábil e financeira, mas que também trabalhe o benefício dos projetos para a comunidade.
 
"Tem que inverter um pouco a pirâmide, começar pelas orientações", sinalizou, citando que o trabalho do Tribunal passa não somente pela sanção, mas por seu papel educativo. "Orientação no sentido de permitir que os agentes que utilizam recursos públicos em diferentes áreas sejam informados e até capacitados", afirmou.
 
Para o objetivo de fortalecimento das políticas culturais, a partir deste olhar mais apropriado, o secretário Executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, levou aos participantes uma palestra sobre "A Virada de Chave nas Políticas Públicas Culturais no Brasil - O Pacto Federativo e o Sistema Nacional de Cultura".
 
"Há anos, os nossos projetos de cultura vinham sento tratados como projetos de infraestrutura de grande envergadura. Se tratava uma peça de teatro tal como se tratava a construção de um viaduto. E não há como estabelecer um parâmetro desse tipo", contextualizou.
 
De acordo com Tavares, ao se trabalhar um novo Marco Regulatório para o setor, não apenas está se promovendo uma profunda mudança na relação com a cultura, mas, sobretudo, está se buscando a garantia de uma diversidade de instrumentos para que as políticas públicas possam atingir diferentes públicos e iniciativas.
 
"A federação cultural é o caminho, a única forma de garantir o direito à cultura e a efetivação dos direitos culturais", ressaltou. "A gente está privilegiando o cumprimento das metas da política pública, das metas dos projetos, e o atendimento da população e da comunidade brasileira, buscando efetivar o direito à cultura", acrescentou.
 
Também participaram da cerimônia de abertura o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior; os prefeitos Álvaro Damião (Belo Horizonte) e Marília Campos (Contagem); o segundo secretário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado estadual Alencar da Silveira Jr.; o promotor de Justiça, coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do Ministério Público (MPMG), Marcelo de Azevedo Maffra; o procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Marcílio Barenco; entre outras autoridades.
 
Seminário
 
A programação, no período da tarde, segue com duas mesas: 1) Cultura, desenvolvimento e direitos sociais: a perspectiva social, econômica e territorial; e 2) O novo regime jurídico de fomento à cultura e os desafios da implementação.
 
Na terça-feira (8/7), completam o debate as mesas: 3) Experiências Federativas na implementação da nova legislação da Cultura no Brasil; 4) Editais com o marco de fomento à cultura na prática: etapas fundamentais e análise jurídica"; e 5) O novo cenário de monitoramento e prestação de contas no fomento cultural com foco no cumprimento do objeto. Destaque, ainda, para a conferência sobre "Prestação de contas e foco no objeto", no início da tarde.
 
A programação completa está disponível neste link.
 
 
- Confira galeria de fotos:
 
TCEMG realiza Seminário de Cultura, Controle e Direito