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Congresso internacional discute renegociação de dívida e regras fiscais

04/11/2022

Foto: Felipe Jácome
Temáticas como renegociação de dívida, federalismo, democracia, regras fiscais, finanças públicas, LRF e pandemia movimentaram o segundo dia do I Congresso Internacional de Direito Financeiro e Cidadania, na manhã desta sexta-feira, no auditório Vivaldi Moreira, da Corte de Contas mineira.
 
O quinto painel iniciou-se às 9 horas com o pronunciamento de um dos idealizadores do evento, conselheiro aposentado do TCEMG, Sebastião Helvecio, que também é vice-presidente do IRB. Helvecio falou da renegociação das dívidas dos Estados com a União e iniciou a palestra relembrando os tempos de juventude, em que participou, como médico e político, de importantes decisões envolvendo o futuro da nação brasileira, como a vitória da democracia nos idos de 1984, protagonizada por quem ele chamou de “sempre querido e lembrado Tancredo Neves”. 
 
Em sua exposição, o vice-presidente apresentou a origem remota da dívida estadual, intitulado por ele como “a sacrificante dívida com a União”. Expôs gráficos que remontam ao ano de 1961, chegando ao cenário atual. Para o vice-presidente, com a implantação do Plano Real, em 1994, “o fim da inflação evidenciou o desequilíbrio fiscal dos Estados que enfrentaram sérias dificuldades financeiras em consequência do elevado comprometimento das receitas com pagamento de pessoal, subsídios a empresas deficitárias a serviço da dívida”. 
 
O palestrante reforçou que é injusta, perversa, a questão da dívida pública dos Estados com a União. Quanto mais se paga, mais se deve. “A dívida chega a ameaçar a democracia”, denunciou Sebastião Helvecio, que, em todo o seu pronunciamento, defendeu o federalismo. Para ele, o Brasil é uma república federativa e não há que se falar em instâncias “subnacionais”. O conselheiro aposentado defendeu que nenhum ente federado é inferior ao outro. Também reforçou o papel dos Tribunais de Contas para a garantia da democracia. “Não vejo hoje instituição mais essencial à democracia que os Tribunais de Contas“, concluiu. 
 
Em seguida, foi a vez do analista do TCEMG, Pedro Henrique Azevedo, falar de Regras Fiscais de Segunda Geração e a sua interação com as Políticas Públicas.  Para o palestrante, as regras fiscais têm que ser tratadas não como um fim em si só, mas “como um meio para a consagração de direitos fundamentais e realização das políticas públicas.
 
O analista mencionou as cláusulas de escape, previstas no art. 65 da referida LRF, criadas para socorrerem os entes federados em situações críticas, mas que não são suficientes para enfrentar tempos de crise. Conclui “não adianta haver essas cláusulas no ordenamento se esse ordenamento for descumprido”. Para Azevedo, gasto público tem que buscar limite qualitativo. Defende, ainda, que as cláusulas de escape são indispensáveis no momento em que há necessidade de, em nome de direitos fundamentais, extrapolar o que foi estabelecido no passado.
 
Ainda proferiu palestra, nesta manhã, a professora auxiliar da faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Matilde Lavouras, que participou de forma remota, trazendo a experiência do direito português na era da pandemia.
 
Acompanhe as palestras da tarde por meio da TV TCE, no youtube.
 
Denise de Paula / Coordenadoria de Jornalismo e Redação