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Especialistas discutem o desafio do controle na fiscalização de PPPs e concessões

18/06/2020

Conselheiro Sebastião Helvecio durante sua apresentação no encontro

“Como o momento que estamos vivendo hoje irá impactar a vida das pessoas que estão nascendo agora ou daqui 30 anos? ”, com essa reflexão o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), Sebastião Helvecio, iniciou sua apresentação durante o evento on-line "PPP War Room - Controle Externo". Embasado nas experiências internacionais, Helvecio destacou que a grande dificuldade será não deixar que banalizem as parcerias público-privadas já que elas, segundo ele, possuem um papel estratégico no encaminhamento das políticas públicas. “O escopo de uma PPP (parceria público-privada) é muito bem delineado, então essa será a primeira atuação em que a Sociedade Acadêmica e o Controle poderão estabelecer um diálogo. ”, explicou.

 
Outro ponto abordado pelo conselheiro foi a questão das desigualdades aonde, pelo momento que vivemos de pandemia, fica possível observar que pessoas que moram numa mesma cidade recebem de formas diferentes o impacto da crise por sofrerem, ou não, de uma vulnerabilidade social. “Isso aumenta ainda mais a responsabilidade de se ter a visão social de uma nova política pública que seja, evidentemente, por parceria público-privada”, reforçou.
 
Sebastião Helvecio compartilhou sua experiência como parlamentar onde teve a oportunidade de aprovar, em 2004, o primeiro Projeto de Lei para o estabelecimento de Parcerias entre o Setor Público e o Setor Privado. Ele ainda dividiu duas macrotendências levantadas para o plano estratégico do TCEMG para 2026 que dialogam com as PPPs. A primeira é atuar com foco em questões sistêmicas, transversais e abrangentes. A segunda fala que os TCs devem agir de modo dialógico. “Os Tribunais de Contas devem estar cada vez mais próximos da administração pública porque o resultado final será a melhoria da qualidade de vida do cidadão. Hoje o que se quer é uma atividade concomitante e, se possível e o desejável, uma atuação preditiva ”, afirmou o vice-presidência de Relações Institucionais do Instituto Rui Barbosa.
 
Outro participante do encontro, o professor de Direito especializado em PPP, Fernando Vernalha Guimarães falou sobre a dificuldade de entender como esse momento vai alterar o reequilíbrio econômico financeiro. “Adotaremos soluções provisórias para mitigação do desequilíbrio financeiro e compensação econômica, mas futuramente será preciso revisitar essas questões para que seja feita uma reconciliação”, disse. Para o Doutor, este será um dos grandes desafios pois “estamos vivendo um momento excepcional o que nos retira a capacidade de fazer planejamentos”, alertou ele.
 
Sobre as concessões, Fernando comentou que existem múltiplas formas de reorganizar o contrato e muita flexibilidade para se acomodar aos efeitos da crise. “Elas poderão sofrer por exemplo mudança nos indicadores de desempenho”, explicou. Segundo Vernalha a queda da demanda tem sido tão significativa no contexto da pandemia que esses mecanismos simplesmente não funcionam, “eles são ineficazes”. Ele explicou também que os contratos terão que ser recompactuados de uma forma mais ampla. “Vão ter que ser implementadas modificações mais significativas nos contratos, inclusive para proteger o interesse da administração pública e não só do concessionário. Esses contratos terão de ser transformados o que pode afetar as concepções do controlador”, enfatizou.
 
Fernando ainda lembrou que há muitos desafios com relação a adaptabilidade dos contratos de concessão e que é importante que o controlador participe ativamente dessa discussão. Para isso ele sugere algumas diretrizes para o controle dos contratos de PPPs e concessões pós pandemia, como institucionalidade, flexibilidade, negociabilidade e exequibilidade orçamentária.
 
Nelson Nei Granato Neto, gerente de Políticas Públicas do IRB, apresentou a necessidade de realinhamento e replanejamento das fiscalizações e reforçou as diretrizes metodológicas das normas de auditorias para planejamento ou replanejamento dos objetivos das fiscalizações por conta da pandemia. Fernando Matheus da Silva ficou responsável por apresentar a visão dos desafios do Controle. Ele deixou claro que “a partir desse momento a análise dos contratos terá que ser muito minuciosa”. Disse ainda que deve ser feito um planejamento de novas auditorias para analisar caso a caso os contratos e seus desequilíbrios já que nem todos terão a mesma repercussão. Exemplo disso é o caso das rodovias que sofreu um impacto infinitamente menor que o setor aeroportuário.
 
O evento foi mediado pelo coordenador do curso de MBA de PPP e concessões da FESPSP/LSE, Carlos Nascimento e teve na abertura o presidente do IRB, conselheiro Ivan Bonilha (TCEPR). O “PPP War Room – Controle Externo: Redefinição dos objetivos das fiscalizações de concessões e PPP” é uma realização do IRB, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e MBA PPP e Concessões. Os próximos encontros tratarão de áreas específicas: transporte coletivo, rodovias, saneamento básico e resíduos sólidos, iluminação pública, monitoramento das fiscalizações e, para fechar, uma palestra magna com uma visão externa do controle. 
 
Luiz Gustavo Ribeiro / Coordenadoria de Jornalismo e Redação