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Semana contra a corrupção 2024 aborda uso de inteligência artificial e trabalho em rede pelos órgãos de controle

13/12/2024

Semana contra a corrupção 2024 - foto de Vinícius Dias

A celebração da Semana Contra a Corrupção 2024, promovida pela Ação Integrada da Rede de Controle e Combate à Corrupção de Minas Gerais (Arcco MG), teve início no dia 9/12, no dia internacional de combate à corrupção, e vai até hoje (13/12) com eventos em diversos órgãos públicos que integram a instituição. As palestras sobre o combate à corrupção aconteceram no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), ontem (12/12), na parte da tarde, no Auditório Vivaldi Moreira.

A Rede Arcco reúne diversos órgãos no Estado de Minas Gerais e estimula o trabalho articulado entre diversas instituições do Estado para combater a corrupção.

O presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Gilberto Diniz, falou na abertura do evento sobre a necessidade de se combater a corrupção e de fiscalizar a gestão pública, pois, segundo ele, o desvio de recursos públicos “solapa a concretização de direitos fundamentais como saúde, educação, segurança, estimulando a desigualdade e a segregação sociais e fomentando a iniquidade e a injustiça.” 

Gilberto Diniz destacou também a importância do emprego da inteligência artificial (IA) e de tecnologias e da atuação dos tribunais para este fim. 

Enalteceu o trabalho da Central Suricato e do quadro técnico do TCEMG que “desenvolve ferramentas de análise capazes de converter grandes volumes de dados de seus próprios sistemas informatizados, bem como de sistemas de outros órgãos e entidades, em informações relevantes que contribuem para tornar o exercício do controle externo mais certeiro, eficaz, efetivo” e veloz. 

Após, houve um primeiro debate sobre a temática Os Tribunais de Contas nas redes de controle: experiência no âmbito regional e federal com participação da procurada do Ministério Público de Contas (MPCMG), Elke Andrade Soares de Moura; de Luís Emílio Pinheiro Naves, assessor do conselheiro substituto do TCEMG, Adonias Monteiro, e de Celso Bernardes Silva, auditor federal de controle externo do Tribunal de Contas da União (TCU) com representação em Minas Gerais. 

A procuradora Elke Andrade salientou que “o ferramental de inteligência é o grande potencial de trabalho dos órgãos de fiscalização.” Conforme explicou, as instituições fiscalizadoras e de controle precisam trabalhar num esforço conjugado para enfrentar a corrupção, principalmente diante da complexidade de dados, da multiplicidade de matérias e da velocidade do avanço tecnológico. 

Lembrou alguns trabalhos feitos em rede que foram bem-sucedidos, como a rede nacional Infocontas e a força-tarefa constituída durante a pandemia do covid-19 para fiscalizar as contratações emergenciais realizadas durante aquele período. 

O intercâmbio de informações e o trabalho compartilhado, ou seja, o trabalho em rede, são muito produtivos e trazem ganhos em termos de efetividade de resultados alcançados, informou. 

Sobre o tema, Luís Emílio disse que combater a corrupção é difícil pois “a corrupção é um fenômeno multidimensional e multidisciplinar.” Por outro lado, “o sistema jurídico de controle e de combate à corrupção é muito rico, eficiente e moderno”, com normas como a Lei de Acesso à Informação, a Lei Anticorrupção e a Lei das Estatais. “Então é necessário aplicá-las no dia a dia, numa atuação preventiva”, disse o assessor. 

Frisou que o controle precisa ser feito por meio de instituições que têm o poder de punição e de polícia. De acordo com Luís Emílio, é preciso interação, integração e cooperação entre os órgãos de fiscalização para que haja o cruzamento, o fornecimento e o tratamento de dados, evitando-se assim o retrabalho, promovendo a divisão das tarefas e ampliando o sistema de fiscalização. 

Trouxe alguns exemplos de atuação do TCEMG na utilização das trilhas e malhas eletrônicas de fiscalização de medicamentos; o sistema Sicom; o banco de preços, os robôs Alice, Solaris e Apolo, estes que promovem a correção de editais mesmo antes da abertura das propostas e audiências, entre outros.

Destacou, por fim, o compromisso do controle externo com a integridade, a ética e a governança e lembrou: “As ditaduras não têm prestação de contas”. 

Em sua palestra, Celso Monteiro do Tribunal de Contas da União (TCU) falou do trabalho das redes de controle, que segundo ele, são organizados, existem muitas ferramentas, mas falta ainda um pouco de articulação entre os órgãos de forma planejar colaborativamente as ações e maximizar os resultados do controle externo e interno. 

Em sequência, houve o Ponto de Expressão sobre o tema "A Inteligência Artificial e Tecnologias no Combate à Corrupção"

O auditor da Controladoria Geral do Estado (CGE), Fernando de Almeida de Souza, compartilhou os resultados de uma pesquisa da qual faz parte sobre a interação humano-máquina com arquitetura de decisão. Ele explicou que nesta interação pressupõe-se que a informação transita para ambos os lados e, até então, o resultado dos estudos é de que, com o uso da arquitetura de decisão, é possível maior transparência, rastreabilidade e segurança dos dados. 

Pedro Azevedo, superintendente de controle externo do Tribunal de Contas, trouxe um pouco de suas reflexões sobre como o controle externo (ou o Direito Administrativo) se portará diante dessa revolução que é o uso de inteligência artificial. Segundo ele, há três grandes assuntos para se tratar quando se fala da interação do controle externo ou de forma mais ampla, do Direito Administrativo, com a IA: automação de processos, a detecção de fraudes e a análise preditiva. 

Acreditando que possivelmente haverá mudanças nos métodos de trabalho de todos que lidam com tecnologia, deixou as seguintes perguntas: “qual o grau de responsabilidade do servidor que agora tem essa muleta de trabalho? com o avanço da IA, da automação dos processos e da necessidade de se investir cada vez mais em desenvolvimento tecnológico, será que a administração pública não terá que rever o teto de gastos com pessoal? Será que a IA vai conseguir acompanhar a criatividade e sofisticação de métodos de fraude daqueles que querem lesionar a AP? 

E completou: nos órgãos de controle, é preciso falar de uma responsabilidade tecnologia e entender como está o grau de desenvolvimento dessa tecnologia nos jurisdicionados. E é preciso considerar as dificuldades reais de gestão dos órgãos fiscalizados. 

Antônio Arthur Barros Mendes falou do uso da IA generativa no âmbito do Ministério Público Federal (MPF) e da implantação de um projeto piloto de otimização de fluxo de trabalho naquele órgão onde destacou a grande importância do papel do usuário revisor de IA. 

A Arcco tem como objetivo estimular o trabalho articulado entre diversas instituições do Estado a fim de fortalecer a agenda de enfretamento à corrupção em Minas. “O compartilhamento de boas práticas e a elaboração de estratégias integradas são os principais fundamentos da atuação em rede”, explica o Controlador-Geral do Estado.

Integram a Rede Arcco MG, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, o Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público de Contas, o Ministério Público Federal, a Controladoria Geral do Estado, o Tribunal de Contas da União, a Advocacia-Geral do Estado, a Secretaria de Estado de Fazenda, a Ouvidoria-Geral do Estado, a Controladoria Regional da União,  a Advocacia-Geral da União, a Procuradoria da Fazenda Nacional, o INSS, as polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal, a Receita Federal, a Junta Comercial de Minas Gerais, o Serviço de Auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS e a Controladoria-Geral do Município de Belo Horizonte. 

O Dia Internacional contra a Corrupção é comemorado no dia 9 de dezembro, data em que o Brasil e mais 101 países assinaram a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, em 2003, na cidade de Mérida, no México.

 

Regina Kelles | Coordenadoria de Jornalismo e Redação 

 

 

Semana Contra a Corrupção