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Tribunais abrem congresso em Goiânia com o desafio de melhorar, apesar da crise

22/11/2017

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Com o tema “Controle Externo, aprimoramento na adversidade”, teve início, ontem (22/11), em Goiânia, o 29º Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que segue até esta sexta-feira. Para o presidente do Tribunal de Contas mineiro (TCEMG), conselheiro Cláudio Terrão, o evento contribui para os tribunais enfrentarem os desafios da atualidade, colaborando, assim, para a melhoria da administração pública. “O foco é mudar o perfil para uma atuação essencialmente pedagógica. É muito mais fácil evitar o erro, do que, depois de ocorrido, constituir todo um processo e utilizar toda estrutura formal do controle para, no final, ou apenas penalizar o jurisdicionado, ou entrar com um processo de restituição em função de dano ao erário já causado”, explicou.

Durante a programação do congresso, o TCEMG mantém um estande na “Feira do Conhecimento e de Boas Práticas”, no qual o aplicativo “Na Ponta do Lápis” é demonstrado aos participantes. De acordo com o presidente, ferramentas como essa são importantes para os tribunais de contas realizarem mudanças nos seus perfis de atuação. “Ao mesmo tempo que é um aplicativo de controle, sobretudo controle social, é também um aplicativo de gestão, no sentido de possibilitar aos gestores da educação questionamentos relacionados ao dia a dia da administração escolar. Então, essa ferramenta e outras que existem aqui na feira, penso eu, auxiliam muito sob os aspectos colaborativo e pedagógico do controle”, avaliou.

O encontro tem a participação de 27 tribunais. Do TCEMG, compareceram o presidente Cláudio Terrão, que também é diretor da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon); o conselheiro Sebastião Helvecio, presidente do Instituto Rui Barbosa (IRB); os conselheiros Wanderley Ávila e José Viana; o conselheiro substituto Licurgo Mourão; a diretora-Geral, Gislaine Fois Fernandes, que coordena o grupo de trabalho do MMD-QATC, e assessores. O IRB também tem um estande no evento.

Mesa-redonda

Na tarde de ontem, o presidente do TCEMG, conselheiro Cláudio Terrão, debateu – junto ao conselheiro do TCE-RS Cezar Miola – o tema “Plano Nacional de Educação: metas e desafios”. A mesa-redonda foi presidida pelo conselheiro do TCEMG, Sebastião Helvecio. Na ocasião, a professora Maria Ester Galvão de Carvalho, coordenadora do Fórum Nacional de Educação, fez uma palestra sobre o mesmo assunto.

Em seu discurso, Terrão também apresentou o aplicativo “Na Ponta do Lápis”, uma das ações do programa batizado com o mesmo nome, criado em Minas Gerais para priorizar a atuação do Tribunal em prol da melhoria da qualidade da educação pública. O presidente lembrou que uma das auditorias que compõem esse esforço constatou que haviam mais de 158 mil prestações de contas de caixas escolares pendentes de análise pelas superintendências regionais de ensino, envolvendo  recursos de cerca de R$ 3 bilhões.

Abertura

Pela manhã, durante a abertura, o público lotou o auditório do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, local de realização do congresso. Sentaram-se à mesa o escritor moçambicano Mia Couto; o vice-governador de GO, José Eliton; os conselheiros Kennedy Trindade, Joaquim de Castro, Valdecir Paschoal, Sebastião Helvecio e Thiers Montebelo, respectivamente presidentes do TCE-GO, TCM-GO, Atricon, e Associação Brasileira de TCMs. Também compuseram a mesa o ministro substituto do TCU Marcos Bemquerer, presidente da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos; o desembargador Gilberto Marques Filho, presidente do Tribunal de Justiça de Goiás; o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres; o deputado estadual Júlio da Retífica, representando a Assembleia Legislativa de Goiás; e o superintendente do Sebrae Igor Montenegro. Secretários de Estado, prefeitos e diversas outras autoridades prestigiaram a solenidade.

Ao saudar os presentes, o presidente Kennedy Trindade definiu como “incalculável honra para o TCE de Goiás tornar-se sede das cortes de contas brasileiras pelos próximos três dias”. Em seguida, destacou a oportunidade de compartilhar saberes, boas práticas, amadurecimento institucional, reforço dos laços e aperfeiçoamento para que, ao final, seja alcançado o “melhor preparo e contribuição efetiva para a melhoria da administração pública em nosso país”.

O presidente do TCE-GO referiu-se à crise brasileira como “um prolongado e doloroso inverno. À nossa volta, a mais severa crise econômica da história recente” e suas consequências, como o recrudescimento da violência e escândalos em série que minam a credibilidade das instituições. Diante deste quadro, Kennedy Trindade classificou o tema do evento como instigante e desafiador e cumprimentou a Atricon “pela sensibilidade e coragem de enxergar oportunidade onde tantos só conseguem ver desolação”.

Kennedy argumentou que os tribunais de contas podem ser protagonistas de uma retomada. “Como o ipê que floresce no auge da seca, em meio a uma paisagem desoladora, estamos desafiados a mostrar nosso potencial na adversidade”. O ipê amarelo florido foi adotado como símbolo do congresso.

O conselheiro assinalou que a corrupção não é o único e nem o principal entrave para o desenvolvimento nacional, citando a falta de planejamento e ineficácia da gestão como dreno pelo qual ecoam imenso volume de recursos, impedindo que o cidadão tenha acesso a serviços públicos de qualidade. Para ele, as cortes devem contribuir por meio da atuação pedagógica, preventiva ou concomitante. “Em vez de punir quem desviou milhões, podemos evitar o dano. No lugar de penalizar o desperdício, podemos contribuir para uma gestão mais eficaz das políticas e recursos públicos”.

O dirigente do TCE-GO agradeceu à Atricon por confiar aos goianos a realização do congresso, à conselheira substituta Heloísa Helena Monteiro pela coordenação do evento e à equipe encarregada de propiciar aos participantes toda a comodidade e atendimento possíveis.
Na mesma linha de pensamento, pronunciaram-se Igor Montenegro e o ministro Marcos Bemquerer. Este último também destacou o centenário da criação dos cargos de ministros e auditores substitutos, a ser comemorado em 2018. Sebastião Helvecio, presidente do IRB, ensejou a necessidade de aprovação das PECs em tramitação no Congresso, visando ao fortalecimento do Sistema Nacional de Contas.

Representando o governador Marconi Perillo, o vice-governador José Eliton saudou iniciativas que buscam soluções para fugir da crise. Por último, o presidente da Atricon, Valdecir Pascoal, criticou recentes decisões do Supremo Tribunal Federal que fragilizaram a atuação do controle externo, como a extinção do TCM do Ceará. Pascoal também fez um rápido balanço dos quatro anos em que esteve à frente da Atricon. O conselheiro destacou a programação paralela ao congresso, como a Feira do Conhecimento e de Boas Práticas, os lançamentos de livros, finalizando a exposição com trechos da obra de Mia Couto e da poetisa goiana Cora Coralina.