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Tribunal decreta a indisponibilidade de R$ 7 milhões por suspeita em obra de Brumadinho

31/03/2016

Foto de arquivoA Segunda Câmara do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG) aplicou, durante sessão desta quinta-feira, 31 de março, medida cautelar de indisponibilidade, por um ano, dos bens do espólio do ex-prefeito de Brumadinho (na Região Metropolitana de Belo Horizonte), Antônio do Carmo Neto, morto em 2013, e da Construtora Mello de Azevedo S/A, em quantidade suficiente para cobrirem um eventual dano de R$ 7,272 milhões. A deliberação pretende criar garantias para uma possível devolução de recursos aos cofres do estado de Minas Gerais, já que há suspeita de irregularidade na obra de asfaltamento da estrada que liga Brumadinho à BR 040. O dinheiro foi repassado para a Prefeitura, por meio de um convênio, e a construtora envolvida foi selecionada para executar a pavimentação.

A decisão foi proposta pelo conselheiro José Alves Viana, relator da Tomada de Contas Especial (processo 838.611) da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) sobre o Município de Brumadinho. Em seu voto, acolhido por unanimidade pelo colegiado, Viana salienta que “a indisponibilidade de bens, nos casos de ilícitos graves, não constitui uma pena, mas é medida cautelar destinada a garantir a efetividade da demanda e, como tal, deve ser concedida antes do julgamento da causa, mediante a comprovação de seus requisitos”. A Tomada de Contas Especial, realizada pela Secretaria, teve o objetivo de apurar a possibilidade de prejuízo ao erário e a responsabilidade no uso de recursos repassados pelo Estado de Minas Gerais, por meio do Convênio Setop 358/04, celebrado em 30/06/2004.

Segundo a análise técnica do TCEMG, que foi considerada para a decisão da Segunda Câmara, apenas 23 quilômetros (km) foram asfaltados, enquanto o convênio previa 32 km. As medidas de espessura do asfalto variaram de 1,6 centímetros (cm) a 4,2 cm, sendo que o mínimo exigido era de 3 cm. As medições realizadas pela Prefeitura atestaram o pagamento de R$ 6,611 milhões à construtora, mesmo assim foram pagos R$ 7,272 milhões à Mello de Azevedo S/A. Em contrapartida aos recursos estaduais, o Município de Brumadinho deveria arcar com R$ 2,400 milhões, mas depositou R$ 1,050 milhão. Houve acréscimo de 33,54% do valor inicialmente contratado, por meio de termos aditivos. Os analistas do Tribunal também destacaram que “as obras realizadas pela empresa contratada desgastaram‑se tão rapidamente que foi necessária nova contratação de serviços, por outra empreiteira, para realização de ‘operação tapa-buracos’ já no ano de 2007, logo após o término do asfaltamento pela Mello Azevedo”.

Antônio do Carmo Neto era conhecido como Tunico da Bruma. Foi eleito por três vezes para o cargo de prefeito de Brumadinho. Em 2008, teve o mandato cassado pelo Judiciário, por irregularidade em outra contratação pública. Morreu em 28 de Julho de 2013.