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Discurso do conselheiro Cláudio Terrão por ocasião de sua posse como presidente do TCEMG

15/02/2017

Conselheiro Cláudio Terrão (Foto: Thiago Rios Gomes)15/02/2017

Excelentíssimo senhor secretário HELVÉCIO MIRANDA MAGALHÃES JÚNIOR, titular da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, neste ato representando o Governador do Estado de Minas Gerais.

Excelentíssimo senhor deputado ADALCLEVER RIBEIRO LOPES, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.

Excelentíssimo senhor desembargador HERBERT CARNEIRO, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,

Excelentíssimo senhor procurador-geral de Justiça, ANTÔNIO SÉRGIO TONET, procurador-chefe do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Excelentíssima senhora defensora pública geral, CHRISTIANE NEVES PROCÓPIO MALARD, defensora-chefe da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais,

Em nome dessas autoridades cumprimento os demais integrantes da Mesa e todos os demais agentes públicos aqui presentes (prefeitos, parlamentares, magistrados, procuradores, promotores, defensores e advogados públicos e, muito especialmente, os servidores dos mais diversos quadros e cargos públicos).

Em nome do jovem decano desta Casa, conselheiro WANDERLEY ÁVILA, faço uma saudação especial aos que integram o sistema de Controle Externo, conselheiros, conselheiros substitutos, procuradores do Ministério Público de Contas e servidores.

Senhoras e senhores,

No meu discurso de posse no cargo de conselheiro fiz referência a dois versos de Fernando Pessoa.

O primeiro:

Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que não se pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

E o segundo:

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

No desafio de conduzir nos próximos dois anos a gestão desta Casa, faz-se ainda mais presente a lição desses versos.

Somos o produto de nossas experiências pessoais e profissionais, mas nunca seremos nada sozinhos, nunca alcançaremos o máximo desse potencial singular que temos, se não estivermos abertos às enriquecedoras experiências dos outros, daqueles que estão ao nosso lado, com suas vivências pessoais e profissionais diferentes, prontas para serem predispostas à realização dos mesmos sonhos.

Aprendi ainda muito jovem, na Escola de Especialista de Aeronáutica, que “disciplina, amor e coragem” devem ser os pilares de nossa tão almejada felicidade – no lema dos alunos especialistas o sucesso não é só pessoal, mas institucional e social, sobretudo.

Abro aqui um parêntese para agradecer a todos os representantes dos nossos quadros de Segurança Pública, em especial às Forças Armadas e, mais especialmente ainda, à Força Aérea Brasileira, onde fui apresentado a valores muito nobres, muitos dos quais somente com a maturidade pude realmente internalizar em meu espírito, recebam, portanto, todos os senhores minhas homenagens na pessoa do Brigadeiro do Ar, IVAN MOYSÉS AYUPE, a quem agradeço inclusive pela harmoniosa ambientação musical.

Estava dizendo, porém, que ninguém faz nada sozinho.

E nesse momento é necessário reconhecer e agradecer a todos aqueles que já estiveram à frente desse imenso desafio: a gestão desta Casa.

Restringindo-me aos ex-presidentes que ainda estão na ativa, porque a lista de homenageados seria muita longa, agradeço ao conselheiro Wanderley Ávila, à conselheira Adriene Andrade e, especialmente, ao conselheiro Sebastião Helvécio, pelo excepcional trabalho de construção dessa magnífica infraestrutura tecnológica, que ele nos deixou de legado.

Se por um lado, esse legado muito facilitará a atuação do Controle Externo, por outro lado, nesse eterno processo de construção institucional, impõe-nos um desafio ainda maior: não nos cabe apenas dar continuidade ao que até aqui fora desenvolvido, mas tornar efetivo o uso de toda essa base tecnológica para devolver à sociedade mineira cada centavo que foi investido na busca da efetividade da função de controle.

Não poderia deixar de registrar também o grau de amadurecimento a que o sistema de Controle Externo chegou nesses últimos anos. Embora haja ainda muito caminho a percorrer, temos visto a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, envidar esforços na busca pela harmonização de entendimentos, ações, procedimentos e processos de trabalho, tudo visando à plena consecução do Controle Externo em âmbito nacional.

Minhas sinceras homenagens ao conselheiro do Tribunal de Contas de Pernambuco, Valdecir Pascoal, presidente da ATRICON, que tem com afinco, humildade e brilhantismo conduzido nossa associação de forma excepcional.

Mas como sabemos todos, conselheiro Valdecir Pascoal, ainda há muito caminho a percorrer para que possamos exercer nossas funções em grau de excelência. E nesse sentido, aproveito a oportunidade para pedir aos parlamentares presentes, especialmente aos representantes do Estado de Minas Gerais no Congresso Nacional, apoio à causa da criação do Conselho Nacional dos Tribunais de Contas. É fundamental que tenhamos um controlador dos controladores.

E, por isso, comungamos da necessidade da criação desse órgão estatal, exatamente para que ele exerça, com a força normativa necessária e de forma definitiva, grande parte dessas nobres funções, que até então a ATRICON tem desenvolvido, apesar da evidente falta de condições materiais e financeiras.

Ressalta-se ainda que grande parte desse trabalho somente está sendo realizado, porquanto de forma inédita os próprios Tribunais de Contas se propuseram a tal missão e estão se submetendo às avaliações de seus pares, sob a condução da ATRICON.

Mas, retornando aos versos de Fernando Pessoa, passo agora ao que há de mais valioso no desafio que enfrentaremos: os servidores. Refiro-me ao resgate motivacional dos que integram essa Casa e, por que não dizer, ao resgate dos sonhos que todos nós servidores temos (apesar de nada sermos, nas palavras do poeta). E se nada somos isoladamente, além da capacidade de sonhar a realização. Penso que somente transformaremos sonho em realidade, se, nesse nosso caminhar, promovermos a junção de todas as nossas experiências para a construção de um verdadeiro nós-institucional.

O desafio estará, assim, centrado no nosso dialogo diário, na proposição de novas ideias, na crítica construtiva, na desconstrução do modelo faço-assim-porque-sempre-foi-feito-assim. É preciso, portanto, redescobrir e fortalecer o espírito de equipe, ter a visão do eu-no-outro e do outro-em-mim, para que cada um promova, através de seu próprio esforço pessoal e motivacional, a renovação permanente da crença de que a caminhada em direção ao horizonte (essa infindável busca pela realização pessoal ou felicidade) é em si a própria utopia, como nos ensina a maravilhosa metáfora atribuída a Eduardo Galeano. Mas é preciso perceber também que só a alcançaremos se estivermos ladeados de outros com o mesmo propósito, com os mesmos sonhos.

Convoco, portanto, a todos os servidores dessa Casa para terem uma perspectiva diferente sobre o seu próprio trabalho, superando o velho paradigma burocrático e substituindo-o por outro: um modelo de atuação que produza resultados efetivos, benefícios sociais que nos orgulhem de pertencer a essa maravilhosa instituição.

Vamos, portanto, nos lembrar da metáfora da orquestra-organização em que na execução de uma música ou de um plano de gestão, cada qual deve realizar sua função na máxima potencialidade possível (cada um no seu instrumento, no seu papel organizacional) para que ao final da execução desse plano tenhamos um resultado realmente harmonioso.

Aproveito para registrar que um dos compromissos que ora assumo com todos os servidores é o de, em breve, instituir no Tribunal de Contas o modelo de trabalho de home office, paradigma voltado essencialmente ao controle da produção, da qualidade e do resultado, e não ao velho modelo formal e presencial, que, embora ainda necessário, muitas vezes acaba por frustrar a potencialidade organizacional e criativa dos servidores.

Para encerrar minhas palavras, gostaria de relembrar mais uma pequena parte de meu discurso, quando tomei posse como conselheiro dessa Casa.

Naquela oportunidade trouxe aos presentes uma composição entre o pensamento do filósofo Heráclito, para quem a única coisa permanente na vida é a transformação, e o Livro de Eclesiastes, no qual o sábio nos ensina que há momento para tudo na vida.

Eis a síntese com a qual gostaria de encerrar minhas palavras: “precisamos permanecer medianamente motivado entre dois momentos marcantes: sonhar e realizar. Pois, entre o plantar e o colher, a vida se transforma. E eu acredito no poder da transformação. Creio que seja possível construir um mundo melhor e que o homem é o elemento essencial nesse processo. Penso que o desenvolvimento ético do homem e a realização do bem sejam, ao mesmo tempo, o meio transformador e o fim que deve ser almejado por todos nós.

Acredito que as diferenças humanas possam ser racionalizadas, sem quaisquer espécies de eliminação ou anulações. Creio que seja possível, em decorrência do uso da razão, uma convivência plural e harmoniosa entre as pessoas. Creio na máxima cristã de amar ao próximo e de fazer o bem”.

E tudo isso pode ser resumido na singeleza penetrante daquilo que Francisco de Assis deseja aos outros seres humanos, ele que foi um homem de amor inigualável, um verdadeiro filósofo do amor ao próximo, e que literal e materialmente viveu a lição cristã da fraternidade, deseja simplesmente a todos: paz e bem.

E é o que desejo a todos os que nos prestigiaram nessa cerimônia: paz e bem.

Muito obrigado!