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Ponto de Expressão debate polêmicas da reforma previdenciária

12/05/2017

O programa Ponto de Expressão, realizado nessa quinta-feira, dia 11 de maio, fez parte da programação do Congresso da Associação Mineira dos Institutos de Previdência Municipal (Amiprem). O Auditório Vivaldi Moreira, na sede do TCEMG, foi palco de um debate sobre a PEC 287/2016, que pretende realizar uma reforma na previdência do país. Participaram Fernando Ferreira Calazans, advogado e mestre em Administração Pública; Roberto de Carvalho Santos, presidente do Instituto de Estudos Previdenciários; e Marcília Metzker, advogada e professora da Pontifícia Universidade Católica de MG. O coordenador de Fiscalização do Estado Gustavo Terra Elias, servidor da Casa, foi o mediador da discussão.

Gustavo agradeceu o convite para mediar o debate e ressaltou a importância do tema a ser discutido em momento tão oportuno. Segundo ele, a reforma da previdência serve para refletir sobre a administração pública sustentável. “O que é feito hoje tem impacto nas gerações futuras, em gente que se quer nasceu” e provocou os convidados: “a reforma veio em boa hora? É realmente necessária? Vai trazer solução nas bases propostas?”

Roberto de Carvalho Santos, foi o primeiro a fazer suas considerações sobre a reforma da previdência. Ele questionou o conceito de déficit usado pelo governo federal. Segundo ele, para cumprir a lei de custeio da previdência (Lei 8.212/91), a União deveria aportar recursos na seguridade social. “Porém quando ela faz esse aporte, contabiliza como déficit. Nos outros países, que foram referência para estabelecer a idade de aposentadoria na PEC, isso se chama contribuição governamental, só aqui no Brasil isso se chama déficit.” Ele também defendeu que neste momento econômico não é adequado realizar a reforma da previdência.

Já Fernando Calazans admitiu a necessidade de uma reforma na previdência para corrigir algumas discrepâncias e lembrou que a previdência, conceitualmente, é uma política pública de caráter obrigatório e contributivo que visa assegurar renda a quem não possui capacidade laboral, ou seja, garante renda para quem não têm capacidade de trabalho e visa assegurar o benefício para quem dependa economicamente do segurado.

Segundo Fernando, a proposta apresentada pela União e discutida e rebatida pelas entidades da sociedade civil não enfrenta a questão do equilíbrio atuarial. Enfrenta apenas a questão do equilíbrio financeiro. “A meu ver, argumentar se há déficit ou superávit com os números apresentados pelo Ministério do Planejamento ou pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – Anfip - não resolverá o problema da previdência. Porque este equilíbrio se refere ao equilíbrio anual entre receita e despesa, dentro do exercício financeiro. Ninguém discute a necessidade de reestruturar a previdência sob o ponto de vista a longo prazo”.

A professora Marcília defendeu a necessidade de uma reforma na previdência com a garantia de regras de transição para aqueles que têm expectativas de direito. “Deveriam construir uma regra respeitando o que já foi acordado antes.” Ela também criticou a origem da proposta de emenda: “o ponto de partida já mostra o equívoco da reforma, quem propôs a reforma da previdência foi o Poder Executivo, quando quem deveria propor essa emenda deveria ser o Legislativo”. E finalizou, concordando com Calazans, “conheço sistemas previdenciários que são feitos ajustes atuariais sempre que necessário e não aos saltos, como esta que está sendo aprovada. Propor uma mudança tão brusca com propostas tão radicais pode ser a solução para os cofres públicos mas de certo não é a solução para a sociedade brasileira.”