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Palestra de médico fluente em quatro idiomas empolga jovens aprendizes

01/07/2019

A palestra do doutor Gustavo aconteceu no auditório da Escola de Contas (Foto: Thiago Rios Gomes)

Era uma tarde de sexta-feira, 28, último dia útil do mês de junho, e jovens aprendizes do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG) caminhavam rumo ao auditório da Escola de Contas para, até onde eles sabiam, assistir a palestra de um médico que a coordenadora de Serviços Gerais do TCEMG, Patrícia Cristina Alvarenga, tinha programado. O cansaço e a ansiedade pela chegada do final de semana que é usual nos jovens entre 16 e 18 anos era percebido no caminho até o auditório, mas ao chegarem ao auditório e se deparraem com o doutor Gustavo Duarte Viana usando o mesmo uniforme a sensação de estranhamento, desconforto e, principalmente, curiosidade tomou conta do ambiente antes mesmo da palestra começar

O jovem médico de 26 anos, ex-morador do bairro Maria Goretti, que aos doze anos perdeu a mãe e viu o pai mergulhar de cabeça no mundo das drogas e do álcool, veio ao Tribunal de Contas contar aos jovens da Associação Profissionalizante do Menor (Assprom) como aprendeu a falar quatro idiomas, se formou em medicina na Rússia e ganhou uma bolsa do governo dinamarquês para fazer especialização em neurologia.

O jovem médico é fluente em quatro idiomas (foto: Thiago Rios)Gustavo contou que após a perder a mãe e ver o pai na situação em que se encontrava precisou vender chocolates nos sinais da capital mineira, mas que enxergou na Assprom uma oportunidade para melhorar de vida. “Eu tinha 12 anos quando procurei a Assprom pela primeira vez e mandaram eu voltar quando fizesse 16, voltei e comecei a trabalhar na Fundação do Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) onde via muitos laboratórios e cientistas, o que me estimulou a querer estar do outro lado vidro”, contou o médico. 
Inglês e quase todos os cursos oferecidos pela Assprom foram oportunidades que o jovem não deixou escapar. “As vezes meus chefes ficavam bravos comigo porque eu fazia curso de manhã, de tarde, de noite e aos finais de semana”, brincou. O sentimento de gratidão também é um dos pontos que chama atenção no depoimento do jovem que fez questão de ressaltar que “sem a Assprom nem saberia que existia uma oportunidade de fazer um curso superior”. 
Livrar-se dos estereótipos e não ficar abalado com comentários que não conseguira ou que fazia coisas demais também foi um ponto que exigiu superação. “Era comum escutar que na relação médico-paciente eu só seria o paciente ou pessoas dizendo que eu não tinha foco porque fazia muitos cursos também não era incomum, principalmente quando comecei a estudar russo”, contou ele. 
Foi através do idioma, distante para a grande maioria dos brasileiros, que o até então jovem da Assprom conseguiu uma oportunidade para cursar medicina na Rússia. “No Cetec haviam cientistas de todos os lugares, e bastava um deles não saber falar português que logo eu me aproximava para tentar ajudar e também aprender. Um desses cientistas era da Rússia e comecei a aprender russo com ele quando, coincidentemente, a Rússia abriu duas bolsas para brasileiros que queriam estudar medicina. Liguei para a embaixada, fiz uma mini entrevista em russo e acabei sendo selecionado”, relatou o médico. 
Os jovens ouviram atentamente a palestra (Foto: Thiago Rios Gomes)Depois de terminar o curso, Gustavo voltou ao Brasil para morar no Rio de Janeiro e atuar como clínico geral. “Acredito que toda a minha experiência de vida ajudou muito para que eu percebesse a importância de ouvir e atender bem todos os meus pacientes. As vezes faço plantões de 12 horas e parece que aquilo não passou de uma brincadeira prazerosa”, declarou. 
Ao final da palestra, o doutor Gustavo Duarte Viana, que já havia despertado a curiosidade no último dia do mês de uma plateia de jovens que usualmente estariam ansiosos pela chegada do final de semana respondeu a perguntas e destacou a importância de cada um nunca desistir dos seus sonhos. O jovem citou o filósofo alemão Friedrich Nietzsche que, segundo ele, defendia a filosofia de que “CADA UM DEVERIA SER SEU PRÓPRIO HERÓI”. Se por acaso você chegou até aqui e ainda está se perguntando quais os idiomas que o doutor Gustavo fala? A resposta é: Além de português e russo, o jovem também fala inglês e dinamarquês fluentemente. 


Os jovens Assprom do TCEMG fizeram questão de tirar fotos com o médico (Foto: Thiago Rios)

 Thiago Rios Gomes / Coordenadoria de Jornalismo e Redação