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Seminário de Integridade ganha o mundo em encerramento

30/09/2020

Já era noite na Dinamarca quando o encerramento do 1º Seminário Mineiro de Integridade teve início no Brasil. As cinco horas à frente não foram empecilho para que a consultora sênior na Tana, uma empresa fundada em 2006, sediada em Copenhagen, Nadia Masri-Pedersen, realizasse a palestra final do evento. De forma virtual, ela falou sobre a cultura da integridade e confiança, comum entre os hábitos dos moradores do país escandinavo. A consciência de participação e responsabilidade social estão na vida dos habitantes desde a infância. Nadia contou que, no país com o menor índice de corrupção do mundo, a criação de um cidadão acontece desde o nascimento.

A palestrante de origem palestina já atuou em países do Oriente Médio, Norte da África e na América. Ela também já realizou intercâmbios na Cidade do México e no Rio de Janeiro. Entre os principais desafios para uma nação ser menos corrupta, Nadia apontou a instabilidade política, a dificuldade em mudar a mentalidade e até as condições econômicas. “Não adianta transformar o modo da liderança e a base continuar da mesma forma. Assim, também, ao contrário. Vivemos em sistemas que devem se modificar juntos”, analisa.

Antes das observações de Nadia, os relógios brasileiros marcavam 15h da tarde de hoje, 30 de setembro, quando o controlador-geral do Estado de Minas Gerais, Rodrigo Fontenelle, introduziu o professor Vidigal Fernandes Martins para mediar o debate entre a subdefensora pública geral Marina Lage Pessoa da Costa e o deputado estadual Guilherme da Cunha Andrade. Eles deram o pontapé inicial aos trabalhos para falar sobre a integridade pública com foco na melhoria dos serviços prestados ao cidadão.

Marina relatou como a realidade tem mudando e a população tem efetuado mais demandas, principalmente reclamando ações que a beneficie. Segundo a servidora, um dos desafios que a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPG) encontra é “priorizar a maximização dos resultados voltados para o cidadão, por meio da efetividade da gestão pública”.

Guilherme Andrade apresentou as funções que a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) faz para os cidadãos. Além da atividade parlamentar, que representa, legisla e fiscaliza a população, a organização também tem o papel institucional de garantir a transparência.

Segundo o deputado, a Assembleia mineira oferece diversos canais para que a sociedade possa participar de todos os processos que circulam lá dentro. Além de estruturas de comunicação de massa, como a TV Assembleia, o portal na internet, a sintonia no rádio, a ALMG também abre as portas através das redes sociais, que permitem, aliás, a interação com a população.

Mapa-múndi cultural

Mais perto de nós e bem distante dos jardins dinamarqueses, o ator mineiro Odilon Esteves deu adeus à edição de 2020 do Seminário. Parafraseando a obra Grande Sertões: Veredas, de João Guimarães Rosa, o artista destacou passagens do livro para mostrar o desafio da construção da integridade e traçar um paralelo entre o bem e o mal.

Não satisfeito, Esteves foi à Alemanha de Bertolt Brecht para falar sobre como a estrutura do Estado reflete na concentração de direitos e riquezas, com o poema “Quem se defende”. Ainda, deu um pulo na Ucrânia de Clarice Lispector, mostrando as vantagens de ser ‘bobo’ e dormir em paz. Antes de pousar, o ator também passou pelas terras frias da Rússia, sobrevoando os azuis de Marc Chagall, entre bodes tocando violinos e casais apaixonados.

As referências artísticas, o realismo mágico e as alusões à fantasia foram as maneiras que se encontraram para encerrar um evento que discutiu um tema tão importante e que nos cobra ter os pés no chão.

Durante uma palestra e outra, em um momento de ato falho, Fontenelle nomeou o evento como Seminário Internacional de Integridade. E ele não estava errado! Das veredas das Minas, das caatingas das Gerais, das planícies escandinavas, das geleiras russas, independente dos sotaques, sempre há algo do outro lado para se conhecer. Basta a curiosidade em querer aprender.

Num jeito tão típico de falar, o jagunço Riobaldo, personagem central da principal obra de Guimarães Rosa, já havia nos avisado: “Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas”.

Para curtir essa volta ao mundo, assista a íntegra do encerramento abaixo:

 

Fred La Rocca | Coordenadoria de Jornalismo e Redação