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Sebastião Helvecio discute a Questão Fiscal e Previdência Social no 33º Fórum Nacional

28/06/2021

A 4ª sessão do 33º Fórum Nacional abordou na manhã dessa sexta-feira, 25 de junho, o tema “Questão  Fiscal e Previdências Social”. O encontro foi transmitido pelo canal do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) no YouTube, coordenado pelo economista Raul Velloso e contou com a participação do presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon), conselheiro Fábio Nogueira, do conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Sebastião Helvecio, do conselheiro do Tribunal de Contas do Ceará, Edilberto Pontes, e do economista Guilherme Mercês, ex-secretário de Fazenda do Rio de Janeiro.

Ao dar abertura ao evento, Raul Veloso enfatizou que as finanças estaduais não estão em situação tranquila. “Finanças em frangalhos, investimentos em queda,” reforça o coordenador, que evidenciou em um gráfico as curvas que representam a evolução dos déficits previdenciários, dos déficits orçamentários, chamando a atenção para o  déficit da previdência, e para a consequência de tudo isso, que é a escassez de investimentos do país para o setor público.

Segundo Velloso, essa problemática recai nos Tribunais de Contas, pois são eles que fiscalizam e propõem caminhos para equacionar esse problema.

Primeiro a floresta, depois as árvores

O conselheiro Edilberto Pontes foi o primeiro a se manifestar, fazendo uma analogia entre União, Estados e Municípios com a floresta e as árvores. Acrescenta que “ a questão requer olhar a floresta, depois as árvores”, e esclarece que, embora seja importante falar da União, dos Estados e dos municípios, é necessário dar o passo seguinte, falar dos estados e sobretudo de cada estado, uma vez que cada qual tem sua particularidade, um regime fiscal mais, ou menos, rígido, além de apresentarem situações e respostas distintas.

Pontes alerta sobre as consequências da Emenda Constitucional n. 109, de março deste ano, que deverá ser seguida por todos os entes federativos bem como pela Administração Pública. A referida emenda, ao limitar o teto de gastos, impõe vedações como proibição de aumento de salário, de realização de concurso público, o que, segundo Pontes, trará impactos substanciais sobre as finanças estaduais. Segundo o conselheiro, é uma regra que retira os investimentos; “é um incentivo perverso de limitar os investimentos”, afirma.

Questão Fiscal, Previdência Social e Democracia

Para o conselheiro da Corte mineira, Sebastião Helvecio, que sucedeu Edilberto Pontes, a questão discutida tem um impacto direto com a cidadania bem como com a democracia.

Segundo o conselheiro, “ se o cidadão não consegue perceber a ação, a presença do estado para a realização de políticas públicas, que só são possíveis com a disponibilidade orçamentária para atendê-lo, vai trazendo nos eleitores uma frustração com aqueles que são eleitos, quer sejam mais à direita, que sejam mais à esquerda, quer sejam ao centro, porque quando sentam para executar a proposta orçamentária, as limitações são enormes, principalmente em razão dessas duas amarras; a questão fiscal e a questão previdenciária”,

Cita o filósofo espanhol Daniel Innerarity, para quem essas duas questões impactam fortemente o futuro das pessoas. Innerarity alerta que um endividamento público mal administrado afeta aqueles que vão nascer, o que ele chama de “geração do porvir”.

Com relação à Previdência, Helvecio explica que “quando se permite um quadro atuarial, que não é sustentável, evidentemente quem vai fazer o financiamento dessas aposentadorias e pensões é o erário” e, por consequência, a parte orçamentária que estaria disponível para o orçamento também fica confiscada, segregada para fazer frente às obrigações previdenciárias. O conselheiro do Tribunal de Contas mineiro reforça que quando a receita não é suficiente para custear as despesas, o primeiro ponto que sofre é o investimento público.

Na sequência, o economista Guilherme Mercês, finalizou o debate falando um pouco da experiência do Rio de Janeiro, que em 2017 entrou em regime de recuperação fiscal. O palestrante apresentou o caixa do Estado do Rio, enfatizando que “o caixa permite entender toda a dinâmica de uma empresa ou de um governo”.

Ressaltou as medidas de redução de despesas tomadas pela Administração, como o bloqueio de mais de 11 mil cargos públicos, entre eles mais de 2 mil cargos de médicos, em plena pandemia. O economista também salientou o maior acordo tributário já realizado pelo Estado do Rio de Janeiro, que foi a negociação com a Petrobrás, para que fosse pago o valor devido do ICMS de diesel marítimo dos últimos cinco anos.

Mercês concluiu sua exposição enfatizando que, além do regime de recuperação fiscal, é essencial para destravar a economia que os estados passem a discutir um “tripé” de equilíbrio fiscal que, segundo ele, compreende o crescimento da economia e dos investimentos, o financiamento da previdência  e sobretudo a reestruturação tributária. 

A palestra de encerramento da sessão foi feita pelo presidente da Atricon, conselheiro Fábio Nogueira, do TCE de Pernambuco. 

Denise de Paula / Jornalismo e Redação