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TCE debate fiscalização na Educação em Encontro Técnico

06/08/2021

“Quando o assunto é Educação inúmeras pautas são urgentes!”, enfatizou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais Cláudio Couto Terrão. Convidado para apresentar e mediar o segundo módulo do Encontro Técnico TCEMG e os Municípios 2021, realizado hoje, 6 de agosto, Terrão afirmou que o ensino público é um assunto que deve ser debatido em diversas esferas, principalmente a de financiamento.

O mais relevante fundo monetário destinado à educação no Brasil é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O principal objetivo é fazer com que haja menor desigualdade de recursos entre as redes de ensino. O dinheiro deve atender a toda educação básica, de creche, pré-escolas, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e também a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Terrão afirmou que o tema “Educação” tem sido destaque na atuação do TCEMG há alguns anos e lembrou a criação do Programa Na Ponta do Lápis, um conjunto de ações integradas de fiscalização, capacitação e incentivo ao controle social. Um dos produtos desse Programa é o aplicativo que recebe o mesmo nome e é um importante instrumento de ligação entre a comunidade e a gestão escolar. Por meio dele o cidadão pode avaliar a infraestrutura das escolas públicas do Estado e dos municípios. Além disso é possível também relatar situações que precisam de atenção dos gestores das escolas. “O aplicativo, nesse sentido, pode ser um ótimo mecanismo de controle das normas sanitárias obrigatórias para as aulas presenciais, por exemplo, uma vez que é possível relatar sobre as condições dos banheiros, bebedouros, refeitórios e salas de aula”, relatou o conselheiro. O aplicativo está disponível para Androids e IOS, de forma gratuita.

A auditora pública externa do TCE do Rio Grande do Sul Viviane Grosser disse que a atuação dos tribunais de contas busca a concretização do direito fundamento à educação para todos os brasileiros com garantia de qualidade e equidade. “Esse direito deve ser garantido independentemente do local de nascimento, da renda das famílias e até do tempo de mandato da gestão local. E o FUNDEB se insere com tanto relevância nesse processo justamente dado o seu caráter equitativo e redistributivo”.

Assistente Técnica do Comitê da Educação do Instituto Rui Barbosa, Viviane contou que observa que os tribunais de contas vêm buscando agir como indutores no processo de melhoria da gestão e da governança, orientando e colaborando com gestores públicos na busca por soluções e na melhoria dos instrumentos de planejamento e governança. “É importante verificar se todas as crianças estão na escola, mesmo que no novo formato diferenciado, em razão da pandemia, e se estão na escola aprendendo com todos os recursos materiais e humanos sendo assegurados. Se há o direito fundamental estabelecido na Constituição da República e regulamentado pela Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional, pelo Plano Nacional de Educação, entre outros instrumentos normativos, há também para o controle externo um dever fundamental. E esse dever demanda dos órgãos de controle fiscalização, mas também orientação”, finalizou

Viviane lembrou do trabalho “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Centro de Referências em Educação Integral (Cenpec). O estudou apontou que no final do ano passado, 2020, só no Brasil, mais de 5,1 milhões de estudantes em potencial não tiveram alcance ao ensino, presencial ou remoto, direito garantido pela Constituição Federal. O dado é semelhante ao contexto do início dos anos 2000.

A pesquisa ainda mostra que as áreas de vulnerabilidade social são as mais atingidas com a exclusão escolar. Antes mesmo da pandemia, os locais e raças que agora apresentam maior afastamento das escolas já eram os mais atingidos pela falta de ensino. Mais de 60% desses jovens vêm de famílias que beiram à miséria, com renda per capita de até meio salário mínimo. Outros fatores, como falta de vaga nas instituições próximas, gravidez na adolescência, ingresso ao mercado de trabalho e até falta de acessibilidade a portadores de necessidades especiais também aparecem na lista de motivos que separam pessoas em idade escolar obrigatória das salas de aula.

Mudanças no Fundeb e fiscalização

O principal financiamento na educação pública é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em vigor desde 2007, o Fundo tinha a previsão de ser extinto em 2020 pela Emenda Constitucional nº 53. Exatamente por isso foi necessário que fosse reavaliado uma nova configuração do Fundo para não desamparar a educação básica pública, surgindo assim, o Novo Fundeb.

A coordenadora de Fiscalização e Avaliação da Macrogestão do Estado de Minas Gerais, do TCEMG, Ana Carolina de Macedo e Marques Lanna explicou que os municípios permanecem com a obrigação de aplicar 25% das receitas resultantes de impostos e transferências em manutenção e desenvolvimento de ensino. Ana ainda contou que 100% dos recursos repassados pelo Fundeb devem ser investidos durante o exercício que o valor for creditado, permitindo apenas que 10% possa ser empenhados, liquidados e pagos no 1º quadrimestre do ano seguinte. 70% desse montante tem que ser destinado para pagamento dos profissionais da educação básica. A nova regra também traz a complementação do Valor Anual Total por Aluno (VAAT), um repasse do Fundeb que deve ter 15% aplicado em despesa de capital da rede de ensino beneficiada e 50% na educação infantil.

Ana Carolina lembrou que a lista de profissionais da educação básica que podem ser pagos com 70% da transferência do FUNDEB agregou novos trabalhadores que não necessariamente estão dentro de salas de aula. A regra também atinge os portadores de diploma em curso técnico ou superior de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional; pessoas com outras graduação, mas com complementação em pedagogia; profissionais com notório saber, capazes de ministrar conteúdos; profissionais que prestam serviços de psicologia e de serviço social. Contudo, esses servidores devem estar em efetivo exercício nas redes escolares de educação básica e serem formados em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação.

Os outros 30% podem ser usados para pagamento de fonoaudiólogo e psicopedagogo; aquisição de material desportivos, eletrodomésticos e utensílios para preparação da merenda escolar; aulas de dança, língua estrangeira, informática, jogos, artes plásticas, canto e música; pagamento de vale-alimentação e transporte de professores; pagamento de profissionais que atuam no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI); e apresentações teatrais.

Para fazer o acompanhamento do repasse, contabilização e aplicação dos recursos do Fundeb, o Tribunal de Contas mineiro contou com o apoio de sistemas de cruzamento de dados, desenvolvido pela secretaria do Centro de Fiscalização Integrada e Inteligência – Suricato, além das informações recebidas pelo Sistema Informatizado de Contas dos Municípios (SICOM), já que Minas Gerais é o Estado com maior número de municípios no Brasil, com 853 cidades.

O integrante da Coordenadoria de Auditoria dos Municípios Marcus Vinicius Prates explicou com o TCEMG trabalhou na fiscalização dos municípios. A verificação comprovou que 373 cidades mineiras (43%) não aplicaram de forma devida os recursos do Fundeb e encontrou 307 indícios de irregularidades no repasse dos recursos. Após a análise, o TCE envia ao município um relatório informando as falhas encontradas. 71,6% dos jurisdicionados aceitou as sugestões de correção do Tribunal.

Encontro Técnico TCEMG e os Municípios

O Encontro Técnico é o evento mais tradicional promovido pelo TCE e cumpre o papel pedagógico juntos aos jurisdicionados e leva uma equipe do corpo técnico para palestras e treinamentos em cidades de todas as regiões do Estado. Este ano, devido a pandemia de Covid-19, o Encontro está sendo transmitido pelo canal da TV TCE, de forma online. Ao todo são sete webinários e cada um vai abordar uma temática diferente e de interesse para a administração pública e o controle externo. Hoje, o tema abordado foi o Novo Fundeb e a Fiscalização da Educação. Em todas as apresentações, os jurisdicionados podem participar com perguntas enviadas pelo chat do YouTube.

Para assistir o II módulo na íntegra, clique aqui.


Fred La Rocca | Coordenadoria de Jornalismo e Redação