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Parcerias na educação e reequilíbrio financeiro nos contratos são debatidos no encontro sobre PPP

01/10/2024

Na foto de Daniele Fernandes, da esquerda para a direita, procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane; o conselheiro ouvidor do TCEMG, Cláudio Couto Terrão e diretor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Prefeitura de

Nesta manhã (1/10/2024), dois painéis foram apresentados no 6º Encontro Técnico de Fiscalização em Concessões e PPPs pelos Tribunais de Contas, no Auditório Vivaldi Moreira do Tribunal de Contas. O primeiro foi sobre PPPs na área educacional: avanços e desafios e o outro foi sobre Reequilíbrio econômico-financeiro em PPPs: concessões comuns, com o objetivo de debater práticas de fiscalização e trocar experiências sobre contratos de concessões e parcerias.

Mediando o primeiro debate, o conselheiro ouvidor do TCEMG, Cláudio Terrão, destacou dados que evidenciam a realidade da educação no Brasil, alertando que é preciso ter uma compreensão apropriada do escopo das parcerias público-privadas para os serviços de educação, que no entender dele são de “zeladoria” e não estão relacionados ao processo pedagógico e indiscutivelmente devem permanecer nas mãos do Estado. Segundo ele, é preciso superar a ideia de que a educação está sendo privatizada e criar novas vagas, com ensino de qualidade “para que os alunos aprendam com a qualidade necessária para que não percam uma oportunidade de vida”.

Na sequência, falou o diretor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Prefeitura de Belo Horizonte, Alex Sandro da Silva Gomes, que apresentou o modelo de PPP adotado na capital, que tem foco na educação infantil, mas também contratos no ensino fundamental, de 20 anos, baseados no modelo educacional vigente, para serviços não pedagógicos como vigilância eletrônica, portaria, zeladoria, limpeza, rouparia, lavanderia, serviços administrativos de apoio, infraestrutura de dados, manutenção predial e conservação. Por outro lado, enfatizou que a função de planejamento e gestão pedagógica como um todo fica a cargo do Poder Público concedente.

De acordo com o diretor, “a relação concedente/concessionaria é desafiadora”, pois a legislação é burocrática, não acompanha a lógica da parceria e é preciso garantir, além da qualidade do serviço, pontos como o preço ao longo do tempo, a governança, o equilíbrio fiscal entre outras. E além disso, realçou “é possível reduzir a complexidade do serviço, incorporando mais serviços administrativos, não pedagógicos aos novos escopos de PPP”. Para ele, a equipe técnica municipal de acompanhamento do contrato precisa ser muito qualificada para entender as nuances do contrato e suas mudanças.

A Secretaria Municipal de Educação belorizontina tem uma estrutura significativa de acompanhamento, controle e fiscalização, o que torna a parceria exitosa.

O professor André Saddy, em seguida, apresentou o resultado de uma pesquisa que coordenou, financiada pelo MEC e pela Universidade Federal Fluminense, sobre parcerias na área da educação tanto em Belo Horizonte quanto em outros projetos no Brasil que traz uma análise sobre o custo-benefício econômico-financeiro da parceria público-privada.

A procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane, finalizou o primeiro painel, trazendo reflexões sobre PPP na educação, que, segundo ela, até então é de zeladoria, mas com tendência de expansão. De acordo com a procuradora, os recursos privados novos para o desenvolvimento do ensino são bem-vindos, mas, em contrapartida, é essencial que o Poder Público tenha uma estrutura técnica adequada para monitorar esses contratos, como a de Belo Horizonte.

No painel 2, o conselheiro substituto do TCEPE, Marcos Nóbrega, disse que “o pano de fundo do debate é que estamos vivendo um momento de transição no Direito Administrativo brasileiro”, pois os contratos de PPP são muito complexos, de longo prazo, são submetidos a muitas incertezas, desequilíbrios financeiros e que trazem consigo um gap de expectativas. Para ele, o equilíbrio econômico-financeiro ao longo do tempo é manter esse gap de expectativas no contrato.

Por sua vez, para o palestrante Felipe Sande Cruz Mattos Filgueiras, que concluiu a segunda palestra da parte da manhã, os contratos de PPP e concessões são instrumentos de qualificação do gasto público na implementação de política pública e neles está prevista a distribuição de riscos no caso de se materializarem. É preciso então, para o reequilíbrio, dispositivos como renegociar e mudar o controle.

 

Regina Kelles | Coordenadoria de Jornalismo e Redação

6 Encontro Técnico Sobre Fiscalização de Concessões e PPPs Pelos Tribunais de Contas (2° Dia)