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Relatório do TCEMG aponta que suicídios em Minas Gerais cresceram 25% em cinco anos e atingem jovens adultos

11/09/2025

Relatório busca entender como os municípios mineiros estão lidando com a questão - Imagem: Reprodução do relatório
Aviso de conteúdo: Esta matéria aborda temas sensíveis relacionados à saúde mental e ao suicídio.
 
Entre 2018 e 2023, o número de mortes por suicídio em Minas Gerais cresceu 25%, passando de uma taxa de 7,37 para 9,23 óbitos por 100 mil habitantes. Em todo o país, a taxa em 2023 foi de 8,05. Cerca de 77% dos casos são de homens. Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92, seguido pelos jovens de 20 a 29 anos, que atingiram 12,66. Os dados foram revelados no relatório “Setembro Amarelo: Um panorama sobre a saúde mental nas microrregiões de Minas Gerais”, do Tribunal de Contas de Minas Gerais, divulgado neste mês.
 
O levantamento teve por objetivo conhecer a realidade da saúde mental nos municípios mineiros e entender como eles encaram esse desafio. “Os órgãos de controle, como os Tribunais de Contas, podem desempenhar papel crucial na prevenção do suicídio ao avaliar e monitorar a eficácia das políticas públicas relacionadas à saúde mental. Por meio da análise de indicadores e da fiscalização das ações governamentais, esses órgãos garantem que as iniciativas de prevenção sejam implementadas de forma adequada e eficiente, assegurando que recursos financeiros sejam direcionados para ações dessa natureza”, aponta o estudo. 
 
Entre 2018 e 2023, foram 10.753 mortes por suicídio no Estado. Em todos os anos analisados, os homens representaram a maior parte das mortes por suicídio. A discrepância mais acentuada ocorreu em 2019, quando 79,27% dos casos foram atribuídos a indivíduos do sexo masculino. Na média do período, 77% das vítimas foram homens e 23% mulheres — apesar de o Censo 2022 indicar que a população mineira é majoritariamente feminina (51,2%).
 
“Alinhado a evidências empíricas e à própria percepção social de que as mulheres são mais abertas à expressão emocional, os dados analisados sugerem que os homens podem estar enfrentando doenças mentais de forma silenciosa. Tal fenômeno é frequentemente impulsionado por expectativas sociais que os pressionam a demonstrar força, independência e resiliência emocional, resultando na repressão de sentimentos e na relutância em buscar ajuda profissional diante de problemas psicológicos” explica o relatório.
 
Perfil etário muda: jovens adultos mais vulneráveis
 
Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92 por 100 mil habitantes.
 
O deslocamento da faixa etária mais vulnerável preocupa autoridades de saúde. A fase da vida marcada por entrada no mercado de trabalho, início da carreira e formação familiar pode estar se tornando um gatilho para crises emocionais mais graves.
 
Outro dado relevante é o crescimento entre idosos com 80 anos ou mais. A taxa passou de 6,61 em 2018 para 9,64 em 2023. Segundo especialistas, isolamento social, perda de autonomia, doenças crônicas e luto estão entre os fatores de risco.
 
Já entre adolescentes de 10 a 14 anos, embora os números absolutos sejam menores, os casos não deixam de alarmar. Em 2018, a taxa foi de 0,98 por 100 mil habitantes; em 2023, ficou em 0,91. Bullying escolar, pressão acadêmica, conflitos familiares e impactos das redes sociais aparecem entre os principais fatores de vulnerabilidade.
 
Ao longo dos próximos dias, divulgaremos matérias que mostram a realidade dos casos de suicídio por microrregiões do Estado. Além disso, o relatório ainda revela os investimentos em saúde mental, com a evolução das despesas, e o número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), de psiquiatras e de psicólogos por cidade.
 
Clique Aqui e veja o relatório na íntegra.
 
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