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Simpósio do TCE-RO reúne Brasil para debater educação

18/03/2021

Antes das palestras do último dia do III Simpósio Nacional de Educação começarem, o que chamava a atenção era a diversidade de lugares que o evento estava atraindo. Pela janela de bate-papo da plataforma virtual, os participantes marcavam presença. Acre, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Paraná, entre outros Estados, e tantas cidades do anfitrião Rondônia, como Porto Velho, Jerusalém da Amazônia, itapuã do Oeste, Ariquemes, Urupá, Cerejeiras, Pimenteiras do Oeste e Corumbiara marcaram presença e comprovaram que o Brasil, um país continental, mesmo tão plural e gigante, tem interesses em comum, como a Educação.

O encerramento do Simpósio aconteceu hoje, 18 de março, completamente de forma on-line, pelo canal da Escola Superior de Contas de Rondônia (ESCon-RO), no YouTube. Depois de dois dias, 16 e 17 de março, recebendo autoridades para expor opiniões de como as ações dos tribunais de contas podem contribuir para as políticas públicas educacionais e como o magistério bem empregado na primeira infância pode refletir o desenvolvimento do ser humano, o assunto “Alfabetização na Idade Certa – Neurociência à prática pedagógica” foi escolhido para fechar o congresso.

A primeira palestrante, Maria Regina Maluf, doutora em psicologia pela Université Catholique de Louvain, deu a palavra inaugural ao debate explicando como nossos cérebros recebem os estímulos para aprender a falar, quando ainda somos bebês, de forma natural. Porém, afirmou que para se alfabetizar, o ser humano necessita de um instrutor que o ensine que cada símbolo (letra) tem um som próprio e que os juntando formam novos sons e, assim, palavras. A doutora alertou que a alfabetização é um desafio em diversos países e que, a partir dela, se é capaz de aprender outras disciplinas. “A primeira obrigação da escola é ensinar a habilidade de ler e escrever”, insiste.

A professora Alessandra Seabra, segunda debatedora da tarde, continuou o raciocínio de Maria Regina, e afirmou que os profissionais da educação devem ter “consciência e muita clareza de que a alfabetização é um processo complexo e exige diferentes habilidades”. Quais são os conceitos que o aluno tem para cada palavra, o conhecimento de língua, capacidade de compreensão de gêneros, oralidade, audição e a aptidão de decodificar sinais são algumas das questões que devem ser assistidas pelos professores. “Alfabetização não é uma ação finita. Ela é contínua e precisa sempre estar sendo observada para que cada passo seja dado no momento certo.”

Alessandra afirmou que o professor é a peça fundamental da engrenagem para transmitir a sabedoria aos alunos. “É quem transforma o conhecimento científico em prática pedagógica”, disse. A pós-doutora em psicologia enumerou questões que devem ser ponderadas em cada etapa do ensino, como letra-som, sílabas e fonemas, aprender a escrever nos níveis do som e da frase, reconhecer palavras e ler diferentes tipos de textos com fluência.

Segundo a professora Suely Amaral, convidada para concluir o ciclo de palestras, “quando a alfabetização não é feita na idade certa, é um grande desafio”. A doutora afirmou que o ano escolar é de angustia e desemparo quando a criança não consegue acompanhar o desenvolvimento do restante da turma. Além da preocupação dos pais, que questionam as capacidades cognitivas dos filhos, o próprio aluno se sente diferente dos colegas, que não se mostram compreensivos com as dificuldades do outro. Só a partir dos anos de 1990 que foi levado em consideração que muito do aprendizado do aluno depende da forma como o professor o transmite. Outros fatores que interferem a formação são o clima da própria escola e o relacionamento entre os alunos da sala de aula.

Para mediar um painel inteiramente apresentado por mulheres, a organização convidou a professora Rita de Cássia Paulon. Educadora, apaixonada por gente e por iniciativas, ações e projetos que contribuam para o desenvolvimento humano, para a redução de desigualdades educacionais e sociais que promovam equidade, Rita contou que tem desenvolvido, em parceria com o Tribunal de Contas de Rondônia, um projeto para alfabetizar todas as crianças até os 7 anos de idade. Ela ainda alertou a importância dos órgãos de controle externo em dar atenção a um tema tão importante. “Elaboramos um planejamento estratégico no âmbito da educação, focando a alfabetização, mas também olharemos para questões voltadas à educação infantil. No primeiro momento a alfabetização é prioridade para esse Tribunal de Contas e uma série de ações estão sendo realizadas e serão implementadas, em parceria com a Secretaria Municipal de Porto Velho. A primeira será voltada à formação continuada para professores alfabetizadores”, revelou.

Para encerrar o evento, a procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Elida Graziane Pinto, entusiasta da educação nacional, foi convocada para falar sobre como planejar a qualidade do processo educacional, como pensar a adequada aplicação dos recursos públicos e como os tribunais de contas, os ministérios públicos, o sistema de justiça, o controle social, em todas instâncias, podem se somar para criar uma escola de boa qualidade.

Terceira edição

Comprovando a união quando o assunto é o crescimento da Nação e a preocupação com o ensino nas escolas, o Simpósio que já foi sediado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), na região Sudeste, e pela Corte de Contas do Rio Grande do Sul, este ano foi realizado pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO), no Norte do país.

O III Simpósio Nacional de Educação (Evidências que contam, Ações que transformam) aconteceu entre os dias 16 e 18 de março e teve o objetivo de debater o papel dos tribunais de contas como indutores de políticas públicas educacionais. Assim, o foco foi buscar a mobilização dos diversos segmentos que atuam no controle da Administração Pública, em especial aqueles vinculados aos tribunais de contas, os gestores públicos, lideranças e profissionais da educação, a fim de se estabelecer um compromisso com a priorização de ações concretas que promovam aprendizagem de qualidade, contribuam para a redução da desigualdade educacional e gerem equidade.

Além disso, o Simpósio também abriu espaços de discussão e reflexão sobre a implementação de políticas públicas de alfabetização na primeira infância, a partir da integração das boas práticas educacionais com um controle externo da administração pública fundamentados em evidências científicas.

O debate de hoje está disponibilizado, na íntegra, aqui.

Fred La Rocca | Coordenadoria de Jornalismo e Redação